segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

sábado, 25 de dezembro de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

O poeta Manoel de Barros




O Livro sobre Nada
Manoel de Barros

  • Com pedaços de mim eu monto um ser atônito.
  • Tudo que não invento é falso.
  • Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
  • Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
  • É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.
  • Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas se não desejo contar nada, faço poesia.
  • Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário.
  • A inércia é o meu ato principal.
  • Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
  • O artista é um erro da natureza.  Beethoven foi um erro perfeito.
  • A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.
  • Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
  • Por pudor sou impuro.
  • Não preciso do fim para chegar.
  • De tudo haveria de ficar para nós um sentimento longínquo de coisa esquecida na terra — Como um lápis numa península.
  • Do lugar onde estou já fui embora.

MANOEL DE BARROS
poeta e fazendeiro mato-grossense, nasceu em 1916 e teve seu primeiro livro publicado em 1937 - Poemas concebidos sem pecado. Passou a ser mais conhecido a partir do ano de 1997, quando ganhou o prêmio Nestlé de Literatura. De seu "Livro sobre Nada", Editora Record - Rio de Janeiro,1997, págs. diversas, já em 5ª edição, extraímos os versos acima. Nele o autor diz, a título de "Pretexto":
"O que eu gostaria de fazer é um livro sobre nada. Foi o que escreveu Flaubert a uma sua amiga em 1852. Li nas Cartas exemplares organizadas por Duda Machado. Ali se vê que o nada de Flaubert não seria o nada existencial, o nada metafísico. Ele queria o livro que não tem quase tema e se sustente só pelo estilo. Mas o nada de meu livro é nada mesmo. É coisa nenhuma por escrito: um alarme para o silêncio, um abridor de amanhecer, pessoa apropriada para pedras, o parafuso de veludo, etc, etc. O que eu queria era fazer brinquedos com as palavras. Fazer coisas desúteis. O nada mesmo. Tudo que use o abandono por dentro e por fora."

domingo, 12 de dezembro de 2010

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

OS DEZ MELHORES LIVROS DE TODOS OS TEMPOS


OS DEZ MELHORES LIVROS DE TODOS OS TEMPOS




Trabalho de graduação apresentado à disciplina de Língua Portuguesa das Faculdades Santa Cruz – Inove Turma: LET1SA
Professora: Joyce Sanchotene                                  Professor tutor: Diogo Forbeck dos Santos





CURITIBA
13/09/2010
Primeira parte:         Os dez melhores livros de todos os tempos
            Naturalmente jamais haverá consenso quando se faz uma “lista de melhores” seja do que for: literatura, esporte, cinema, etc. Os julgamentos são subjetivos e dependem do ponto de vista de cada avaliador, podendo acontecer de a mesma pessoa mudar sua lista com o passar do tempo, adequando-a ao conhecimento adquirido. No caso dos melhores livros as listas são particularmente diversas. Influem coisas tão pessoais como o gosto literário de quem avalia, sua nacionalidade, sua história de vida e até mesmo seu estado de espírito quando leu o livro. Exemplo disso foi uma pesquisa realizada por uma entidade sueca com 100 dos escritores contemporâneos mais lidos. Mais da metade deles indicou “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes, como o melhor livro de todos os tempos. Curiosamente este livro não costuma aparecer na relação dos dez melhores feita nos meios de imprensa ou acadêmico. Além do mais, quantos livros já foram escritos? Por mais que leiamos, na nossa existência só conseguiremos ler uma ínfima parte do que já foi escrito. Quem pode afirmar que um dos dez melhores de sua escolha poderia ser um daqueles que ele jamais leu?
            Em vista disso apresento a relação dos dez melhores da revista Newsweek que pesquisou e relacionou os dez mais votados em diversas publicações. A maioria dessas listas continha os cem mais votados, tornando esta uma seleção bastante eclética:
1. Guerra e Paz, Leon Tolstoi, 1869
2. 1984, George Orwell, 1949
3. Ulisses, James Joyce, 1922
4. Lolita, Vladimir Nabokov, 1955
5. O Som e a Fúria, William Faulkner, 1929
6. O Homem Invisível, Ralph Ellison, 1952
7. Rumo ao Farol, Virginia Woolf, 1927
8. Ilíada e Odisséia, Homero, século VIII a.c.
9. Orgulho e Preconceito, Jane Austen, 1813
10. A Divina Comédia, Dante Alighieri, 1321

            Desses livros li apenas dois: “Lolita” e “1984” e ambos estariam também na minha lista de melhores. Só tive contato com a Ilíada durante este curso e a li parcialmente.
            “1984” é o melhor livro de ficção científica de que tive conhecimento. Foi escrito em 1948 e publicado em 1949. O autor deu-lhe o título trocando a ordem numérica da dezena do ano em que foi escrito (1948>1984). Quando publicado todo o seu conteúdo era pura ficção. Em 36 anos, o mundo havia mudado tanto que algumas previsões já eram realidade. O seu “big brother”, um sistema de vigilância inconcebível sem computadores é uma realidade quase exequível hoje. Falta apenas que câmeras consigam ler pensamentos. Apesar de ter lido o livro há muito tempo a cena que mais se fixou em minha mente foi o que ele chamou de “o grande engarrafamento”. Sua descrição de congestionamentos progressivos de trânsito é o que vemos hoje nas grandes cidades como São Paulo. Um dia, por uma conjunção de fatores, ocorre o último engarrafamento do qual nenhum veículo consegue sair mais. Os donos são obrigados a abandonar os carros onde estão para sempre. Faltam recursos para removê-los.
            “Lolita” conta a história de um pedófilo inescrupuloso que escolhe uma menina, se aproxima, conquista e casa com sua mãe para ficar perto de quem quer seduzir. A mãe começa a intuir suas intenções, mas morre atropelada. Livre para agir e com a condição de padrasto, viaja com ela por mais de um ano de cidade em cidade, vivendo em motéis e hotéis dos Estados Unidos. A narrativa é chocante principalmente porque o autor teve a perspicácia de escrever na primeira pessoa do singular. O leitor sabe a tendência do personagem principal desde o início do livro porque o narrador não esconde nada. Lê vorazmente para ver onde a história vai terminar. Se choca quando percebe que Lolita, a menina, também sabe o que vai acontecer e ao invés de reagir coopera e até provoca. Com isso o narrador envolve o leitor de tal forma que este tende a diminuir a gravidade do comportamento do personagem por conta da conivência da menina.

Segunda parte:         Indique dez autores de literatura de ficção e mencione o gênero a que se dedicam. Se você leu algum destes autores , comente
            1 – Milan Kundera (1929 – vivo)
            Romancista tcheco, escreve em alemão. “A Insustentável Leveza do Ser” é um dos melhores livros que li, senão o melhor. È uma linda história de um amor frágil, mas intenso. Kundera é genial por levar o leitor de um certo desprezo por seu personagem principal no início do livro para a admiração quando este se humaniza com o passar do tempo. Numa passagem consegue transformar a eutanásia da cachorra do casal que está com câncer numa cena comovente. De forma audaz, um personagem secundário lê uma carta relatando a morte do casal principal no meio do livro. Normalmente isso desmotivaria a leitura do restante. Não acontece neste livro. Pelo contrário, a leitura não pode mais ser evitada. Fica-se com necessidade de saber o que o casal ainda viveu antes do seu fim. Com uma tristeza no peito o leitor precisa acompanhar o casal até o momento final. Na penúltima página sabe-se que eles vão morrer em dois minutos de leitura, quando estão justamente vivendo a melhor parte delas. O leitor se sente impotente porque o fim já é conhecido. O livro termina numa descida da estrada e o leitor sabe que o acidente vai ser agora. O acidente não é descrito e não haveria necessidade de sê-lo. Só importa que estejam felizes naquele momento.
            2 – Machado de Assis (1839 – 1908)
            Melhor romancista brasileiro de todos os tempos. Li diversos livros e contos dele. Gostei mais foi do “Dom Casmurro”. O romance explora o lado psíquico de Bento, o personagem narrador. Seu eterno dilema é se sua mulher, Capitú, o trai ou não. O leitor espera que algum fato, pelo menos um, seja elucidativo. Do início ao fim do livro a dúvida permanece: o ciúme de Bento tem ou não fundamento? É real ou imaginário? Não há resposta e o livro é cativante justamente por isso. O personagem não sabe a resposta e o leitor também não.
3 - Albert Camus (1913 – 1960)
            Romancista de origem argelina que viveu posteriormente na França. Li “O Estrangeiro”, A Peste” e “A Queda”. Em “O Estrangeiro”, Camus apresenta um personagem de uma insensibilidade fora do esperado. Mata por motivo fútil, é condenado à morte e também com isso não se importa. Que fica angustiado é o leitor que não consegue decifrar sentimento no personagem. “A Peste” é um bom livro para ser lido e faz refletir sobre as fatalidades, o desespero, a morte e a solidariedade.
            4 – Frederick Forsyth (1938 – vivo)
            Inglês, escreveu o livro policial do qual mais gostei: “O Dia do Chacal”. Também li  “O Dossiê de Odessa” e “Cães de Guerra”. “O Dia do Chacal” é o relato de um assassino de aluguel contratado para matar Charles de Gaulle. Como o ex-presidente francês foi um personagem real, o leitor fica em dúvida se o assassino de identidade desconhecida apenas citado como Chacal é real ou não. Quando percebe no final do livro que apesar de parecer que teria êxito, o chacal não consegue matar de Gaulle, sua dúvida sobre a veracidade do livro aumenta. Afinal, de Gaulle não foi assassinado. O livro poderia ser ficção ou um fato do qual não teve conhecimento.
            5 – Sumerset Maugham (1874 – 1965)
            Escritor inglês com grande quantidade de livros e textos de teatro. Li “A Servidão Humana”. É um livro autobiográfico e muito bom. Li há muitos anos e já não o tenho mais, emprestado que foi como tantos outros que nunca retornaram. Anotei uma frase quando o li por achar que tinha alguma coisa a ver comigo: “Estava contraindo o mais delicioso hábito do mundo sem se dar por isso – o hábito da leitura. Ignorava que assim construía um refúgio para os momentos amargos da vida; por outro lado ignorava também estar criando um mundo irreal que iria transformar o mundo real de todos os dias numa fonte de cruéis decepções.”
6 - Jorge Amado (1912 – 2001)
            Romancista brasileiro            , escreveu a partir dos 20 anos até o final da vida. Teve grande produção, explorando o cotidiano, as diversidades sociais, religiosas, e regionais. Dos seus livros, o que mais apreciei foi “Capitães de Areia”, que relata a história de um grupo de meninos de rua de Salvador.
            7 – Mário Palmério (1916 – 1996)
            Pedagogo, deputado federal e romancista, escreveu poucos livros. Li “Vila dos Confins”, uma narrativa agradável que mostra a simplicidade da vida no interior de Minas Gerais na década de 1950.
            8 – Visconde de Taunay (1843 – 1889)
            Romancista brasileiro, cito-o pela sua bela obra “Inocência”.
            9 – Alexander Soljenitsin (1918 – 2008)
            Um russo que sobreviveu aos campos de concentração da Sibéria escreveu suas memórias. Sobreviver ao que estes homens foram submetidos é quase inexplicável. A grande maioria morreu. Com sua fuga e a escrita de “Arquipélago Gullag” o ocidente conheceu a ditadura soviética por dentro.
            10 – Daniel Defoe (1660 - 1731)
            Quando adolescente li o livro de aventuras “Robinson Crusoé” que me motivou a ler mais.

Terceira parte:          Cite alguns contistas brasileiros e transcreva um conto de sua autoria.
            Machado de Assis
            Graciliano Ramos
            Lygia Fagundes Teles
            Moacyr Scliar
Rubem Fonseca
            Clarice Lispector
            Adélia Prado
            Nélida Piñon
Mário de Andrade
            Humberto de Campos

A CARTOMANTE
                                                           Machado de Assis
HAMLET observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.
— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: "A senhora gosta de uma pessoa..." Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade...
— Errou! interrompeu Camilo, rindo.
— Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...
    Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois...
— Qual saber! tive muita cautela, ao entrar na casa.
— Onde é a casa?
— Aqui perto, na Rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.
    Camilo riu outra vez:
— Tu crês deveras nessas cousas? perguntou-lhe.
    Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vu]gar, disse-lhe que havia muita cousa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranqüila e satisfeita.
    Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se. Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento: limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando.
    Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagcm para a casa da cartomante.
    Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo.
— É o senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo, falava sempre do senhor.
    Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras.
Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vinte e seis. Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição.
    Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor.
    Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela, era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor di femmina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; — ela mal, — ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as cousas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, as mãos frias, as atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de Vilela uma rica bengala de presente e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração, não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as cousas que o cercam.
    Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura, mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas.
    Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato.
    Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. Camilo recebeu mais duas ou três cartas anônimas, tão apaixonadas, que não podiam ser advertência da virtude, mas despeito de algum pretendente; tal foi a opinião de Rita, que, por outras palavras mal compostas, formulou este pensamento: — a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo.
    Nem por isso Camilo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse ter com Vilela, e a catástrofe viria então sem remédio. Rita concordou que era possível.
— Bem, disse ela; eu levo os sobrescritos para comparar a letra com as das cartas que lá aparecerem; se alguma for igual, guardo-a e rasgo-a...
    Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado. Rita deu-se pressa em dizê-lo ao outro, e sobre isso deliberaram. A opinião dela é que Camilo devia tornar à casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se, sacrificando-se por algumas semanas. Combinaram os meios de se corresponderem , em caso de necessidade, e separaram-se com lágrimas.
    No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo este bilhete de Vilela: "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo indicava matéria especial, e a letra, fosse realidade ou ilusão, afigurou-se-lhe trêmula. Ele combinou todas essas cousas com a notícia da véspera.
— Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, — repetia ele com os olhos no papel.
    Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita subjugada e lacrimosa, Vilela indignado, pegando da pena e escrevendo o bilhete, certo de que ele acudiria, e esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso repugnava-lhe a idéia de recuar, e foi andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à rua, e a idéia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era natural uma denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Vilela conhecesse agora tudo. A mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, apenas com um pretexto fútil, viria confirmar o resto.
    Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas, ou então, — o que era ainda pior, — eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Vilela. "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Ditas assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê? Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. Tanto imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e vê-lo. Positivamente, tinha medo. Entrou a cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a precaução era útil. Logo depois rejeitava a idéia, vexado de si mesmo, e seguia, picando o passo, na direção do Largo da Carioca, para entrar num tílburi. Chegou, entrou e mandou seguir a trote largo.
    "Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso estar assim..."
    Mas o mesmo trote do cavalo veio agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar com o perigo. Quase no fim da Rua da Guarda Velha, o tílburi teve de parar, a rua estava atravancada com uma carroça, que caíra. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e esperou. No fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e pejadas de curiosos do incidente da rua. Dir-se-ia a morada do indiferente Destino.
    Camilo reclinou-se no tílburi, para não ver nada. A agitação dele era grande, extraordinária, e do fundo das camadas morais emergiam alguns fantasmas de outro tempo, as velhas crenças, as superstições antigas. O cocheiro propôs-lhe voltar à primeira travessa, e ir por outro caminho: ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a casa... Depois fez um gesto incrédulo: era a idéia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no cérebro; mas daí a ponco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros concêntricos... Na rua, gritavam os homens, safando a carroça:
— Anda! agora! empurra! vá! vá!
    Daí a pouco estaria removido o obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em outras cousas: mas a voz do marido sussurrava-lhe a orelhas as palavras da carta: "Vem, já, já..." E ele via as contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e entrar . Camilo achou-se diante de um longo véu opaco... pensou rapidamente no inexplicável de tantas cousas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários: e a mesma frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: "Há mais cousas no céu e na terra do que sonha a filosofia... " Que perdia ele, se... ?
    Deu por si na calçada, ao pé da porta: disse ao cocheiro que esperassee, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não, viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve idéia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.
    A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:
— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...
    Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.
— E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma cousa ou não...
— A mim e a ela, explicou vivamente ele.
    A cartomante não sorriu: disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez das cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, transpôs os maços, uma, duas. três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os olhos nela. curioso e ansioso.
— As cartas dizem-me...
    Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável muita cautela: ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita. . . Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta.
— A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendedo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante.
    Esta levantou-se, rindo.
— Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato...
    E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe na testa. Camilo estremeceu, como se fosse a mão da própria sibila, e levantou-se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha um ar particular. Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava o preço.
— Passas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira. Quantas quer mandar buscar?
— Pergunte ao seu coração, respondeu ela.
    Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, e deu-lha. Os olhos da cartomante fuzilaram. O preço usual era dois mil-réis.
— Vejo bem que o senhor gosta muito dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá, vá, tranqüilo. Olhe a escada, é escura; ponha o chapéu...
    A cartomante tinha já guardado a nota na algibeira, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a cartomante, alegre com a paga, tornava acima, cantarolando uma barcarola. Camilo achou o tílburi esperando; a rua estava livre. Entrou e seguiu a trote largo.
    Tudo lhe parecia agora melhor, as outras cousas traziam outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, que chamou pueris; recordou os termos da carta de Vilela e reconheceu que eram íntimos e familiares. Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave e gravíssimo.
— Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro.
    E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer cousa; parece que formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O presente que se ignora vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, que as velhas crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as unhas de ferro. Às vezes queria rir, e ria de si mesmo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, as palavras secas e afirmativas, a exortação: — Vá, vá, ragazzo innamorato; e no fim, ao longe, a barcarola da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam, com os antigos, uma fé nova e vivaz.
    A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo, interminável.
    Daí a ponco chegou à casa de Vilela. Apeou-se, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.
— Desculpa, não pude vir mais cedo; que há?
    Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar um grito de terror: — ao fundo sobre o canapé, estava Rita morta e ensangüentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão.


Terceira parte:          Cite cronistas brasileiros contemporâneos e transcreva uma crônca de sua escolha
            LuiZ Fernando Veríssimo
            Arnaldo Jabor
Millôr Fernandes
            João Ubaldo Ribeiro
           
CRÔNICA DE LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO:
Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto,
não se alcança o coração de alguém com pressa.
Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado.
Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente.
Conquistar um coração de verdade dá trabalho,
requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança.
É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade.
Para se conquistar um coração definitivamente
tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos.
Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes,
que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago.
...e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele,
vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco.
Uma metade de alguém que será guiada por nós
e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração.
Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria.
Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que?
Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós.
Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava.
... e é assim que se rouba um coração, fácil não?
Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade,
a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então!
E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples...
é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.”

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

FILTRO SOLAR ENGORDA?




Em entrevista concedida ao Arrase! o dr. Lair Ribeiro faz revelações surpreendentes sobre o uso do filtro solar.

Dados que nunca são divulgados, 
esclarecidos de maneira acessível pelo consagrado médico e autor.


Arrase!: Os filtros solares não funcionam?
Dr. Lair Ribeiro: Os filtros solares brasileiros em sua maioria não funcionam e ainda engordam.

Porque não funcionam: O que causa estragos na pele são os raios UVA, e a maioria dos filtros solares brasileiros só protegem contra os raios UVB. As pessoas usam filtros solares comerciais sem saber que não estão sendo protegidas dos raios que realmente causam os estragos: Os raios UVA.

As marcas de filtros solares costumam citar na embalagem "proteção UVA/UVB" e logo em seguida citam algo como "proteção de largo espectro". Isso quer dizer que a proteção UVB é a indicada no rótulo: FPS 15, 30 ou qualquer outro, mas a proteção UVA que é medida em PPD não existe, fica disfarçada com a tal frase "proteção de largo espectro".

Isso é uma forma genérica de não se dizer nada, uma forma de disfarçar a falta de proteção UVA.


Arrase!: E quanto ao fato do filtro solar engordar? 
Dr. Lair Ribeiro: Engordam. Por exemplo, outro dia uma moça me mostrou com orgulho um tubo de filtro solar FPS 100, disse que havia pagado uma fortuna e que achava que agora estava protegida.
E eu perguntei: 

Desde quando você está usando esse filtro? 

Há alguns meses.

E quantos quilos você engordou desde que começou a usar esse filtro?

Ela parou, pensou e disse: uns sete quilos.


Isso é uma 
verdade que quase ninguém sabe, isso não é divulgado.
Os filtros solares brasileiros em sua maioria contêm como agente principal uma substância chamada 4-metil benzilideno cânfora (4-mbc).

Essa substância bloqueia a função da 
tireóide e com isso a atividade estrogênica cresce, o nível de estrogênio aumenta.
Em resumo: o 4-metil benzilideno cânfora é absorvido através da pele e desencadeia uma maior produção de estrogênio que é um hormônio feminino.

aumento de estrogênio engorda e faz aparecer a celulite.
Nos homens que usam filtro solar, ocorre o aumento do tecido mamário e o arredondamento dos glúteos, dando-lhes uma forma típica do corpo feminino. O homem fica com ‘peito e bunda’.

Além desses fatores, o 4-metil benzilideno cânfora é altamente cancerígeno.

Por todos esses motivos, o 4-metil benzilideno cânfora é uma substância que está proibida em muitos países, mas não no Brasil.


Arrase!: Podemos engordar mesmo se usarmos esses filtros solares comuns só em uma área pequena como o rosto?
Dr. Lair Ribeiro: Sim, dá no mesmo. O rosto é um lugar que absorve muito.

Arrase!: Existe algum filtro solar que não engorde?
Dr. Lair Ribeiro: Filtros solares que tenham Tinosorb como princípio ativo, já que essa substância protege dos raios UVA, não engorda e não é cancerígena.

Arrase!: O sol afinal é causador de problemas ou não?
Dr. Lair Ribeiro: Em 1903, o Dr. Niels Ryberg Finsen ganhou o prêmio Nobel de medicina estimulando o uso da luz solar na cura de doenças. Ele já sabia na época, que o sol desencadeia a produção de hormônio D3 (o que conhecemos como vitamina D, mas que na verdade é um hormônio).
A partir daí, muitas doenças foram tratadas com a luz solar.


Hoje sabemos que a vitamina D é o hormônio mais poderoso no corpo humano, e é responsável por controlar pelo menos 10% dos genes do corpo de uma pessoa.


Atualmente, existe uma deficiência de vitamina D nas pessoas. Elas acordam, entram no carro na garagem sem sol, dirigem até o trabalho onde passam no mínimo 8 horas sem sol, voltam para casa à noite.

Não tomam sol, e quando tomam, tomam com medo, se instalou uma paranóia de que o sol faz mal, tomam sol cheias de filtros solares que não bloqueiam o que realmente causa danos: raios UVA.

As pessoas têm medo de ficar com melanoma (câncer de pele) se tomarem sol, mas paradoxalmente, quanto menos as pessoas tomam sol no mundo, mais cresce a incidência de melanoma e de cânceres diversos como de pulmão, próstata, colo, e de doenças como o diabetes, o raquitismo, doenças cardíacas, perda de dentes.

A incidência dessas doenças aumenta na medida em que as pessoas se afastam do sol.

O sol diminuiu e o melanoma aumentou.

As pessoas não sabem que a maioria dos casos de câncer de pele aparecem em áreas onde não se toma sol: área interna da coxa, axilas, etc.


Arrase!: E como se proteger do fotoenvelhecimento?
Dr. Lair Ribeiro: De nada adianta tentar combater o fotoenvelhecimento usando filtros que não protegem dos raios UVA.
Além disso, o que mais envelhece o ser humano é a falta de produção de vitamina D.

Entre os 20 e os 70 anos de idade, o ser humano vai perdendo a capacidade plena de produção de vitamina D, o que só é conseguido tomando sol diariamente, e não fugindo do sol como as pessoas vêm fazendo.

Usar um filtro que proteja dos raios UVA ajuda muito também.


Arrase!: Como escolher um filtro solar eficiente e que não engorde?
Dr. Lair Ribeiro: Filtro solar eficiente é o que tenha proteção UVA e UVB. Pouco adianta usar um filtro que proteja somente contra raios UVB.
E filtro solar que não engorda não deve conter 4-metil benzilideno cânfora (4-mbc).


Arrase!: Como saber se o filtro escolhido protege contra os raios UVA?
Dr. Lair Ribeiro: Para começar, as pessoas já erram jogando dinheiro fora com filtros solares com altos índices FPS sem saber o que estão fazendo.

Para entender corretamente, FPS é o índice que determina o tempo em que uma pessoa pode ficar ao sol sem ficar vermelha.

Se eu for explicar de uma maneira acessível seria assim: uma pessoa vai para o sol ao meio dia, de biquíni, liga o cronômetro e marca quantos minutos leva para sua pele começar a ficar vermelha. Vamos dizer que a pele dela começou a ficar vermelha em 20 minutos. 

Se essa pessoa resolver usar um filtro com FPS 15, isso quer dizer que sua pele estaria protegida por um tempo 15 vezes maior: 20 X 15 = 300. Nesse caso isso daria 300 minutos ou 5 horas, o que significa que com esse FPS essa pessoa poderia ficar ao sol por 5 horas sem ficar vermelha.


Se a mesma pessoa resolvesse usar um filtro com FPS 70, estaria protegida por 15 X 70 = 1400 minutos, ou 20 horas. 


Mas quem fica 20 horas sob o sol? As pessoas gastam dinheiro com filtros de FPS elevados sem se darem conta de que isso é inútil, dinheiro indo pelo ralo abaixo.

Uma pessoa comum não fica 20 horas sob o sol, quando muito, fica em torno de 4 ou 5 horas.

Assim, usar um filtro solar de FPS 70 no caso dessa pessoa, é uma besteira.

O erro já começa aí.


O índice FPS indica quanto o produto protege contra a radiação UVB.

O índice PPD indica quanto o produto protege contra a radiação UVA.

As pessoas estão acostumadas a ver qual é o FPS, mas o que elas devem checar mesmo é se no rótulo do produto consta o PPD, ou seja, o fator de proteção contra raios UVA.

Somente se estiver escrito o PPD no rótulo, o produto será útil contra os raios UVA.


Arrase!: Qual o índice PPD adequado para proteção contra raios UVA?
Dr. Lair Ribeiro: O índice adequado de PPD é sempre aquele que estiver numa quantidade em ao menos metade do índice FPS. Por exemplo, se você comprar um filtro solar com FPS 30, o fator adequado de proteção PPD será 15. (metade de 30 = 15)
Verifique sempre na embalagem se constam esses dois índices: FPS e PPD.

Se só constar o FPS, não adianta nada.


Arrase!: Como usar corretamente o filtro solar?
Dr. Lair Ribeiro: Primeiro, usando um filtro que proteja dos raios UVA. 
Segundo, fazendo uso do filtro de modo adequado: vá para o sol, tome em torno de 20 a 30 minutos de sol sem protetor e somente após esse período passe o protetor.
CIRCULANDO NA NTERNET

domingo, 28 de novembro de 2010

MONTEIRO LOBATO




Sobre a obra

“O presidente negro” foi o único romance escrito por Monteiro Lobato.  
 
Trata-se de uma obra de ficção científica, publicada em 1926 sob o título “O choque”.  
 
A história futurista se passa nos Estados Unidos e aborda a candidatura de um negro à presidência do país no ano de 2228.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

O inesquecível Cine Theatro Central




/ Irati de Todos Nós / Matérias
16/11/10 - 21h29

O inesquecível Cine Theatro Central

O Programa Irati de Todos Nós é idealizado por José Maria Grácia de Araújo e vai ao ar pela Najuá AM, todos os sábados, às 14 horas.
IDA AO CINEMA
Quando era miúdo ia muito
ao cinema, todos os domingos as duas
havia uma “matine”
no Cine Theatro Central com aquele relógio
no alto da parede, e nós berrávamos,
batíamos os pés e assobiávamos quando
o ponteiro saltava para as duas e um e
a fita ainda não tinha começado. Depois
quis ser crescido e consegui entrar de “ratão”
num sábado em uma sessão para adultos,
embora ainda não tivesse feito os dezoito.
Nesse filme vi a Rita Hayworth
na tina do banho, depois de o Gary Cooper
a ter salvo de um bando de índios
malucos. Gostaria de tê-la visto
nua, mas não lhe vi mais que
uma faixa do soutien.
No domingo seguinte voltei
à “matine”, e às duas e um
lá estava eu a berrar, a bater os pés
e a assobiar, porque a fita
ainda não tinha começado.
Projeto do interior do Cine Theatro Central
O MEU BOA TARDE A TODOS, com muito amor, paz e harmonia dentro de seus lares e de seus corações. No dia de ontem, 05 de novembro, comemorou-se o “DIA DO CINEMA NACIONAL” e eu não poderia deixar passar esta oportunidade para, mais uma vez, enaltecer o nosso pioneirismo no setor cinematográfico brasileiro.
Fiz, em vão, uma apurada pesquisa em sites da Internet, procurando encontrar uma possível relação dos cinemas mais antigos do Brasil. Nada encontrei, além de poucas referências sobre algumas casas cinematográficas, tidas como as mais antigas do nosso país. A não ser, no eixo Rio/São Paulo e em algumas outras capitais do país, existiram algumas poucas dezenas de cinemas que podem ser considerados mais antigos que aqueles que tivemos em nossa, pequena e isolada, Irati da primeira década do século passado (1910/1920).
Cine Theatro Central 1920/1930
Inicialmente o “Cinematografo” da Empresa Santos Ribas & Cia. inaugurado no ano de1914, e que tinha a Rua 15 de Julho como seu endereço de funcionamento. Infelizmente só temos como documentação de sua existência o alvará para o seu funcionamento. Logo a seguir, em 1920, surgia o inesquecível Cine Theatro Central, da família Wasilewski, cuja existência, até hoje, é motivo de muitas matérias jornalísticas, como a que segue:
A última sessão do mais antigo cinema
Sr. João Wasilewski
Artigo de Aramis Millarch, originalmente publicado em 12 de janeiro de 1984.
Inúmeras vezes dedicamos o espaço desta coluna a registrar a resistência do Cine Central, de Irati, como o mais antigo cinema brasileiro nas mãos de um único exibidor, João Wasilewski. Há pouco mais de um ano, com tristeza, registramos o falecimento do velho exibidor, que chegando ao Brasil ainda garoto, se estabeleceu em Irati, onde, a 28 de agosto de 1920, inaugurou o seu cinema.

Mais fotos da História do Cinema, entre no álbum
Cine Theatro Central – vista interna
Dia 2 de fevereiro, segunda-feira, aconteceu a sua última sessão! "Tessa, A Gata", que apesar do apelo erótico, atraiu apenas 12 minguados espectadores, o último dos quais a comprar o ingresso - no 747-983-995, na indicação da padronização da Embrafilmes - foi Helio Van Der Neut. O Cine Theatro Central, razão social da empresa que João Wasilewski fundou em sua juventude, resistiu por 63 anos - um recorde considerado o número de casas de exibição que tem cerrado portas nestes últimos 15 anos.
Fim do sonho – 02.01.1984
Alguns meses antes, o Cine-Theatro Rio Azul, também fundado pelo “velho” Wasilewski, havia encerrado suas atividades. O amor pelo cinema, fazia com que seu João mantivesse as sessões, se esforçasse em atrair um público, embora a televisão lhe roubasse cada vez mais os espectadores. Seus herdeiros - o filho Julio, o neto Pedro, o genro Alcides Almeida - não possuem, naturalmente, tal idealismo. Para eles, o Cine Central era apenas uma lembrança e com o inventário dos bens deixados pelo patriarca da família, a grande padaria que João Wasilewski havia construído há muitos anos, vizinha ao cinema - na Rua 15 de Novembro, 436 - já tinha sido arrendada.
Grande padaria de João Wasilewski
O prédio em que o Cine Central funcionou por tantos anos possivelmente será negociado com um banco ou um supermercado. Suas velhas máquinas de projeção, suas poltronas, os quadros nos quais tantos cartazes do Primo Araújo anunciaram as programações cinematográficas, serão vendidas por quem fizer a melhor oferta - embora seja difícil conseguir preços razoáveis para este material, tal o número de cinemas que tem fechado.
O ultimo projetor
Em inúmeras reportagens e anotações nesta (e outras) colunas, temos procurado chamar a atenção para o fim dos cinemas, tanto nas grandes cidades como nas pequenas comunidades. Um fato que não é específico do Brasil, mas que apenas aqui se repete após ter acontecido em outros países, especialmente nos Estados Unidos, a partir da década de 50 - quando a televisão se consolidando provocou o esvaziamento em escala dos velhos cinemas e obrigou, nas cidades maiores, a transformação das salas maiores em cinemas geminados, com diversificação de atividades - aproveitando as empresas os espaços amplos dos antigos hall de entradas, em lojas comerciais.
Hall de entrada transformado em loja comercial
Alguns dos cinemas brasileiros que antecederam ao nosso “Cinematógrafo” de 1914 e o Cine Theatro Central de 1920, podem ser contados nos dedos. Senão vejamos:
Início das projeções sonoras no Brasil – 1902
O crítico e historiador de cinema Jean-Claude Bernardet em seu livro Historiografia clássica do cinema brasileiro afirma que já em 1902 iniciaram-se as projeções sonoras no Brasil, pelo menos de filmes estrangeiros. Em 1902 o salão-Paris em São Paulo anunciava o “Cine-Phone” com a fita Trabalhando. Não foi um acontecimento isolado. “O Cinematographo Falante e Cinematographo Aperfeiçoado” que a empresa E. Hervet anunciava com algum estardalhaço em 1905, enquanto no ano seguinte a Empresa Candboung anunciará as maravilhas do “Cinematographo Falante”.
A partir de 1907 muitos cinemas foram instalados
A partir de 1907 dezenas de salas cinematográficas foram surgindo, principalmente, e São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. 1909 – Cine Royal – São Paulo
1909 – Cine Pathe – Recife
1911 – Cine Thetro Jandaia – Rio de Janeiro
1914 – “Cinematografo” - Irati
1919 – Cine Guarani – Rio de Janeiro
1920 – Cine Theatro Central – Irati
Cine Central – década de 50
Desde as primeiras projeções, os filmes mudos eram sempre acompanhados de música incidental, seja por pianistas ou outros instrumentistas, ou mesmo por pequenos conjuntos ou até orquestras completas. Era o caso do nosso Cine Central. Nos cinemas conhecidos como cantantes, todavia, a relação entre o som e a imagem ganhou outra dimensão, que implicava, mas certamente não se limitava, a intenção de obter sincronismo sonoro. 
Filmes mudos
Os filmes eram mudos e pessoas especialmente contratadas cantavam atrás da tela, longe da vista dos espectadores, às vezes utilizando-se de canudos e funis em uma dublagem ao vivo. No RECIFE também aconteceram muitas inaugurações de espaços fixos para projeção de filmes:
Cine Pathé
O primeiro cinema do Recife foi o Pathé, localizado na Rua Nova (antiga Barão da Vitória), nº 45, inaugurado no dia 27 de julho de 1909.
Cine PATHÉ – 1909 Recife
Possuía 320 cadeiras e um camarote para autoridades e pessoas importantes. Os filmes exibidos pertenciam à Pathé-Frères, fundada por Charles Pathé. As sessões aconteciam no horário das 12h às 16h e das 18h às 22h. A partir de 1910, passou a exibir, além de filmes, alguns flagrantes locais filmados pela própria empresa.
Cine Royal
Cine Royal – Recife
Menos de quatro meses depois, em outubro de 1909, surgiu um novo cinema na cidade: o Royal. Os dois cinemas passaram a disputar o público recifense. O Royal exibia sete filmes, o Pathé colocava oito na sua programação. O Pathé, no entanto, fechou antes de 1920. O Royal teve uma vida de mais de 40 anos. Fechou suas portas no dia 1º de julho de 1954.
O Royal foi um dos mais tradicionais cinemas da cidade do Recife, sendo considerado o templo sagrado do cinema pernambucano, na década de 1920. O cinema era todo enfeitado com bandeirolas, folhas de canela no chão e  patrocinava a exibição de bandas de música para o seu público.
Cine Helvética
Cine Helvética Recife
No dia 26 de junho de 1910, foi inaugurado na Rua da Imperatriz, nº 59, o teatro e cinema Helvética. Possuía uma orquestra regida pelo maestro Dinis e servia sorvetes e refrescos em mesas colocadas no jardim, ao lado da sala de projeções. Em 1930, o Helvética passou a ser um centro de diversões chamado de Centre Goal.
Cine Polytheama
Cine Polytheama ou “Polypulgas” - fachada
O Polytheama, foi inaugurado em 25 de outubro de 1911. Era chamado pelos estudantes da época de “Polypulgas”. Outros cinemas
Nessa época também existia um cinema ao ar livre, o Siri, que projetava anúncios e filmes intercalados, de um sobrado para uma tela. Foi fechado pela Polícia, “a bem da moral”.
A partir de 1913, o Teatro Santa Isabel funcionou também como cinema e era considerado na época o melhor do Recife, era então o que possuía a “projeção mais clara, fixa e nítida” entre os cinemas da cidade.
A primeira sessão ocorreu no dia 14 de junho de 1913, em grande estilo, com a inauguração no Recife, de um novo cinematógrafo, uma aparelho inventado em 1895 pelos irmãos Lumière, capaz de produzir numa tela o movimento, por meio de uma seqüência de fotografias.
Theatro Santa Isabel – 1913
Mesmo sem possuir iluminação elétrica, que só foi instalada três anos depois, era considerado o cinema “mais confortável e higiênico do Brasil”.
Podia-se assistir a uma série de dez filmes, com direito à banda de música no intervalo das exibições, tudo isso por apenas três mil réis, dez vezes menos do que se pagava por um espetáculo de ópera. Em 1915 surgiu o Cine Ideal. Este cinema tinha uma particularidade: possuía 250 assentos de primeira classe e 217 de segunda classe.
Em 1920, o Cene Thetro Central, cuja história já tive a oportunidade de apresentar em meu programa, mas que na faltara outras oportunidades para voltarmos ao assunto.
Mais como foi mesmo o começo de tudo?
Irmãos Lumiére
Caso alguém pergunte, num futuro distante, qual terá sido o meio de expressão de maior impacto da era moderna, a resposta será quase unânime: o cinematógrafo. Inventado em 1895 pelos irmãos Lumière para fins científicos, o cinema revelou-se peça fundamental do imaginário coletivo do século XIX e subsequentes, seja como fonte de entretenimento ou de divulgação cultural de todos os povos do globo. Desde cedo, o cinematógrafo aportou no Brasil com Affonso Segretto. Segretto, imigrante italiano que filmou cenas do porto do Rio de Janeiro, tornou-se nosso primeiro cineasta em 1898. Um imenso mercado de entretenimento foi montado em torno da capital federal no início do século XX, quando centenas de pequenos filmes foram produzidos e exibidos para platéias urbanas que, em franco crescimento, demandaram lazer e diversão.
Filme Alô Alô, Carnaval – 1936
Nos anos 30, iniciou-se a era do cinema falado. Já então, o pioneiro cinema nacional concorreu com o forte esquema de distribuição norte-americano, numa disputa que se estende até os nossos dias. Dessa época, destacaram-se o mineiro Humberto Mauro, autor de “Ganga Bruta” (1933) - filme que mostrou uma crescente sofisticação da linguagem cinematográfica – e as “chanchadas” (comédias musicais com populares cantores do rádio e atrizes do teatro de revista) do estúdio Cinédia. Filmes como “Alô, Alô Brasil” (1935) e “Alô, Alô Carnaval” (1936) cairam no gosto popular e revelaram mitos do cinema brasileiro, como a cantora Carmen Miranda (símbolo da brejeirice brasileira que, curiosamente, nasceu em Portugal). A criação do estúdio Vera Cruz, no final da década de 40, representou o desejo de diretores que, influenciados pelo requinte das produções estrangeiras, procuravam realizar um tipo de cinema mais sofisticado. Mesmo que o estúdio tenha falido já em 1954, conhecedeu momentos de glória, quando o filme “O Cangaceiro” (1953), de Lima Barreto, ganhou o prêmio de “melhor filme de aventura” no Festival de Cannes.
Filme “O Cangaceiro”
Bem, meus amigos e ouvintes, já fui bastante longe com o assunto deste programa e como o tempo do programa é limitado em trinta minutos, tenho de parar por aqui. Espero poder marcar uma segunda sessão para poder voltar a este maravilhoso assunto e contar um pouquinho mais da história do cinema em Irati. Até lá.