Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.
Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.
Somente o nome Clarice Lispector já traduz a leitura, sensacional amiga. Berla escolha.
ResponderExcluirBoa tarde !
Abraços forte.
A energia que Clarice sempre empregou às palavras colide com a ternura de suas mensagens.
ResponderExcluirSempre forte, sempre doce...
Ótima postagem, Joyce!
Um beijo em seu coração e muita luz!