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quinta-feira, 21 de março de 2013

Poema de Leminski


aviso aos náufragos
Esta página, por exemplo,
não nasceu para ser lida.
Nasceu para ser pálida,
um mero plágio da Ilíada,
alguma coisa que cala,
folha que volta pro galho,
muito depois de caída.
Nasceu para ser praia,
quem sabe Andrômeda, Antártida,
Himalaia, sílaba sentida,
nasceu para ser última
a que não nasceu ainda.
Palavras trazidas de longe
pelas águas do Nilo,
um dia, esta página, papiro,
vai ter que ser traduzida,
para o símbolo, para o sânscrito,
para todos os dialetos da Índia,
vai ter que dizer bom-dia
ao que só se diz ao pé do ouvido,
vai ter que ser a brusca pedra
onde alguém deixou cair o vidro.
Não é assim que é a vida?

leminski

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Leminski



um bom poema
leva anos
  cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
  seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
  sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
  três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
  uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
Paulo Leminski


quinta-feira, 10 de maio de 2012

Quero escrever o borrão vermelho de sangue Clarice Lispector

Quero escrever o borrão vermelho de sangue com as gotas e coágulos pingando de dentro para dentro. Quero escrever amarelo-ouro com raios de translucidez. Que não me entendam pouco-se-me-dá. Nada tenho a perder. Jogo tudo na violência que sempre me povoou, o grito áspero e agudo e prolongado, o grito que eu, por falso respeito humano, não dei. Mas aqui vai o meu berro me rasgando as profundas entranhas de onde brota o estertor ambicionado. Quero abarcar o mundo com o terremoto causado pelo grito. O clímax de minha vida será a morte. Quero escrever noções sem o uso abusivo da palavra. Só me resta ficar nua: nada tenho mais a perder. Clarice Lispector FONTE:http://kavorka.wordpress.com/category/clarice-lispector/

terça-feira, 26 de outubro de 2010

domingo, 30 de maio de 2010

DIA TRISTE


dia triste


hoje o dia está triste aqui
tão triste, que estou com você
sabe... parece dia para escrever poesia bonita
friozinho
luz do quarto apagada
reflexo da tela do computador
iluminando meus pensamentos
e apresentando a fumaça deste cigarro
vou tragar os sentimentos mais belos, menina
durante esse nosso pedaço da noite
quem sabe, entre um trago e outro
espaço dessas letras cheias de vontade
te trago até aqui
por aqui... e, assim
terminaremos de escrever
com as letras que quiser

Xandy Britto, sem querer, para quem não deve saber.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

ELIZABETH BROWNING


Sonnet XLIII


How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.
I love thee to the level of everyday's
Most quiet need, by sun and candle-light.
I love thee freely, as men strive for Right;
I love thee purely, as they turn from Praise.
I love thee with the passion put to use
In my old griefs, and with my childhood's faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints,—I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life!—and, if God choose,
I shall but love thee better after death

Elizabeth Barrett Browning
(1806-1861)

sábado, 27 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

NÃO ERA ISSO

NÃO ERA ISSO

NÃO.
NÃO ERA ISSO.
O QUE EU QUERIA DIZER.
ERA TÃO ALTO
E TÃO LONGE
QUE NEM CONSEGUI SOLETRAR
SUAS PALAVRAS-ESTRELAS.


HELENA KOLODY 


domingo, 9 de agosto de 2009

sábado, 25 de abril de 2009

Poema de Xandy Britto

http://xandybritto.blogspot.com/

Flor nua no tempo do suor
Boca molhada de vento e toque
Língua suave acariciando meus póros
Porão de desejo e loucura
Pernas tão lisas quanto maçãs
Costas de anjos e alma libidinosa
Letras por todo o corpo, tatuadas,
falando coisas que não consegui ler
Sexo tão gostoso...
Sol da manhã no rosto
Lua iluminando ondas
Borboletas no coração cansado e suado
E lhe digo: foi poesia.
Não foi sexo
Sexo é carne
Poesia é outra coisa
Termino este poema
Sabendo que os versos da cama
Foram muito melhores
Na cama houve erros hortográficos, com “agá”
Acertando os mais lindos cacofatos e pleonasmos
No meio; completamente perdido em metáforas
Metáforas de posições
De inflexões
Gerundiando
De beijões
Dos “ões” e algo mais
Esse verso é tosco perante o que escrevemos na cama
No lençol molhado do motel
E em nossa carne arranhada e rubra
Repito: Sexo é carne...
Poesia... poesia é outra coisa.


Xandy Britto, para Ela, no segundo par de chinelo-brinde-de-motel, 11 horas ou de manhã, estou por fora de tempo e espaço.

terça-feira, 7 de abril de 2009

A vida


A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já se passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.

Se me fosse dada, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo,
a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.

MÁRIO QUINTANA

terça-feira, 3 de março de 2009

Poema de Mario Quintana


O Mapa

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(E nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,
Tanta ameaça de paredes,
Há tanta moça bonita,
Nas ruas que não andei
( E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisivel, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave misterio amoroso.
Cidade de meu andar
( Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...