O conceito tradicional de leitura como decodificação, ou, mesmo, como interpretação de significados estabilizados está de acordo com a suposição de que a linguagem é um instrumento manejado e controlado por nós.
A esse respeito reflete Mariani (2002):
.,. compreende-se que a linguagem organiza nossa realidade, nosso imaginário e nossa memória. Nascemos em um mundo previamente organizado pela linguagem: passamos a vida repetindo e/ ou resistindo, e/ ou rompendo, para transformar sentidos que já circulam no tecido sociocultural. Sem a linguagem, não nos constituímos sujeitos, mas, ao mesmo tempo, é necessário compreender que não somos onipotentes: não podemos dizer tudo, não controlamos totalmente os sentidos. Estar na linguagem é estar significando e sendo significado. Nada é óbvio em se tratando de linguagem, por mais que pareça ser. O sujeitoleitor se encontra inscrito neste processo histórico produzindo sentidos, ou seja, interpretando sua relação com o mundo. Ao mesmo tempo, ele também é produzido na linguagem, tornando-se “produto” de sentidos ideologicamente cristalizados. Ler, nesta outra perspectiva, não é “descobrir” um sentido primeiro ou original. Ao contrário, é saber, criticamente, que o sentido pode ser outro. ( MARIANI, pp. 107 e 108)
Joyce Sanchotene
Nenhum comentário:
Postar um comentário